Necrofagia

O cadáver ‘stá na mesa

E a família reunida

Vai tomar o desjejum.

O ser humano é tão frio,

Que alimentar-se da morte

Tornou-se coisa comum.

Como as aves de rapina,

Comem carnes a valer

Da vítima ali caída.

É do apetite necrófago

Aspirar cheiro de morte,

Da morte nutrir-se a vida.

Matar, para saciar-se,

Um animalzinho de Deus,

Uma criatura inocente!

Tu és frágil e sente dores!

Ele também, pobrezinho,

Como tu, as dores sente!

Comprar no mercado a vítima

Da brutalidade humana,

Do apetite animalesco...

Para se eximir da culpa,

Dizes: não fui seu carrasco!

Que pretexto mais grotesco!

Criou Deus o ser humano

Refletindo Sua imagem,

Para um nobre ideal.

E prescreveu sua dieta

No pomar do paraíso

De frutos e vegetal.

Mas o homem alienado

Vivia muito, sem Deus,

A vida era uma eternidade.

Logo depois do dilúvio

Deus permitiu comer carne,

Tirando a longevidade.

Mas o povo do Senhor

Que hoje está se preparando

Para com Deus ir morar,

Deve voltar ao princípio,

Pois lá não se ceifa a vida

Para a vida alimentar.

Humberto Cláudio
Enviado por Humberto Cláudio em 17/04/2021
Reeditado em 18/06/2024
Código do texto: T7234017
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