ALMA TROVADORA

Nos dias acinzentados, ou nas noites engolidas no vazio da ansiedade.

A flor da pele, a poesia inflamando a carne, o verbo regurgitado das entranhas...

Morre-se a soberba do ego, renasce a sonoridade das almas, irmãs dos versos embalados nas remanescentes manhãs.

Apetecemos por rosas embebecidas de primaveras;

De eras entre a semente e o desabrochar...

Sejamos canteiros de luz e quimeras.

Mostraremos ao mundo, a sua estonteante áurea luzente;

Retire-lhe os espinhos, deixe a sua beleza nua.

Fomos contemplados pelos deuses e anjos...

Dobremos os nossos joelhos em fervorosa prece;

Diminuamos nós mesmos e exaltemos o maior.

Sonhemos mais alto que os poetas podem sonhar...

Edifiquemos castelos com palavras embalsamadas na loucura de paixões intempestivas.

Somos atemporais, nascemos a cada verso e morremos após...

O corpo sucumbe, as lembranças esvaem-se...

Mas, a alma trovadora, verseja perpetuamente.

Cristina Milanni
Enviado por Cristina Milanni em 16/04/2021
Código do texto: T7233450
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