ALMA TROVADORA
Nos dias acinzentados, ou nas noites engolidas no vazio da ansiedade.
A flor da pele, a poesia inflamando a carne, o verbo regurgitado das entranhas...
Morre-se a soberba do ego, renasce a sonoridade das almas, irmãs dos versos embalados nas remanescentes manhãs.
Apetecemos por rosas embebecidas de primaveras;
De eras entre a semente e o desabrochar...
Sejamos canteiros de luz e quimeras.
Mostraremos ao mundo, a sua estonteante áurea luzente;
Retire-lhe os espinhos, deixe a sua beleza nua.
Fomos contemplados pelos deuses e anjos...
Dobremos os nossos joelhos em fervorosa prece;
Diminuamos nós mesmos e exaltemos o maior.
Sonhemos mais alto que os poetas podem sonhar...
Edifiquemos castelos com palavras embalsamadas na loucura de paixões intempestivas.
Somos atemporais, nascemos a cada verso e morremos após...
O corpo sucumbe, as lembranças esvaem-se...
Mas, a alma trovadora, verseja perpetuamente.