EM DEGREDO...SURGE A POESIA

Na dureza do caule, brotam sonhos

a poesia é instante

em que se abrandam as grades,

térreo cárcere obstinado e resistente

Surgem inusitadas flores

em troncos impensáveis,

telas para a alma e para os olhos,

em mistério incalculável

Retrato fiel da vida esparramada,

entre pedras e juncos improdutivos

Você e eu, água parada,

Moinho sem movimento

A roupa inútil dependurada

À espera de um milagre,

Sapatos que não calçam servem para nada.

De repente... Em meio ao caos

é possível que a poesia fuja, menina de pernas longas,

Saia das sombras de nuvens frias,

Fuja e venha, poesia

Espalhe sol sobre a cama

E uma flor nos surpreenda.

Então, tiraremos as roupas e sapatos dos armários

Distribuiremos beijos e abraços interrompidos,

Romperemos as grades

E escreverei com fina pena

A alegria sutil da liberdade.

Dalva Molina Mansano

Abril - 2021

Em tempo: como se vê pela data da publicação, escrevi este poema em plena pandemia, pensando no terrível isolamento em que estávamos.

DMM

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 13/04/2021
Reeditado em 06/03/2022
Código do texto: T7231370
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