O Alvo do Pugilista
Sorriso ao punho pesado
Que a língua guarde os dentes
Em suas voltas frívolas
O nariz que continue na ponta do pé
Segure o impacto
Proteja a mandíbula
Receba-o de peito aberto
Na ignorância da bênção
Para se salvar vale esvaziar os sentidos
Esconder-se em um exílio inacessível
Previamente já respirar a dor
E todos os seus sintomas pungentes
Atordoado, com os olhos lacrimejantes
Já esperando os próximos golpes
Trovando a pálpebra dos olhos inchadas
Sonhando com um saco de gelo
Parte de seu rosto está anestesiado
Como se um pedaço caísse
Sua fala se arrasta, sua língua amolecida
Está de braços dados com a vertigem
O pulmão puxando o ar
Aspirando mil quilos de chumbo junto
Soletrando a fomentação de deus
Guerreando por espíritos anêmico
Com que dedicação seu corpo
Poderá segurar o peso
Imagético e eterno das feridas
O peso concreto do soco
Caído no asfalto
Gesticula sua masculinidade
Rasteja-se pelo chão
Voltando para o seu esgoto privado...