Lívida
As lembranças
surpreendem-nos
feito os ventos
de diversas direções,
eles rápidos se vão,
as lembranças não,
elas insultam-nos
indagam-nos,
tornando-nos frágeis.
O que julgávamos
fortalecido por dentro,
ressalta um instigado
coração, pulsando
em desalento.
Na inexpressiva alma
todo o balanço
causado pelo vendaval
atordoa os pensamentos.
A negação à busca
de estar ao sol,
facilitada deixa a fuga.
Desencontro
da vontade, quando
o mundo em demasia
ofusca.
No recuo do que foi
perderam-se as ilusões
por certo em alguma
fase da lua,
ficou presa a esperança.
Aquele antigo
desejo que nasceu,
sobreviveu, e
precisou morrer ...
Que não me falte
as nuvens,
para me guardar junto
às tantas luas que virão,
para assim me curar
daquilo que eu quis ter.
Nas noites de céu sem cor,
preciso me esconder.
Um outro tempo
noutras luas, talvez,
uma sonhadora
venha outra vez acordar.
Ferido, o coração
mesmo amando,
desiste de continuar à sonhar.