samsara

arrasto-me na visão do cinza,

marítima melódica onda de azul carrega-me

por sinuosos vendavais de formas

espaços, esquadros, levantes

tornados, retórica pedante

o asfalto-córrego de passos,

leva-me, corpóreo estado.

Navego no estado do estar

de salto em salto, entrego-me ao véu em brasa

refulgente alaúde a soar

na potência do vácuo, tecelã

perenal do teatro

das faces.

derramo-me no colo rasante

da intrépida onda a montante,

que torna, transmuta, produz

escaldante fluxo, reflexo,

complexo de som e de luz

esqueço-me, por ora, do centro

estático vai-e-vem de, sem forma, soneto

perene, sereno, silente

estado de eterno Ser

que a nenhum encanto se apega

e se nutre do Alento

a contento

da Paz.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 11/04/2021
Código do texto: T7229509
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