samsara
arrasto-me na visão do cinza,
marítima melódica onda de azul carrega-me
por sinuosos vendavais de formas
espaços, esquadros, levantes
tornados, retórica pedante
o asfalto-córrego de passos,
leva-me, corpóreo estado.
Navego no estado do estar
de salto em salto, entrego-me ao véu em brasa
refulgente alaúde a soar
na potência do vácuo, tecelã
perenal do teatro
das faces.
derramo-me no colo rasante
da intrépida onda a montante,
que torna, transmuta, produz
escaldante fluxo, reflexo,
complexo de som e de luz
esqueço-me, por ora, do centro
estático vai-e-vem de, sem forma, soneto
perene, sereno, silente
estado de eterno Ser
que a nenhum encanto se apega
e se nutre do Alento
a contento
da Paz.