Silêncio

Quietinho,

o menino na sala de aula,

sentado no canto,

não falava com quase ninguém.

O menino,

que quase não falava,

perturbava a todos

com seu silêncio.

Naquela sala,

que o menino estudava,

não tinha espaço

pra tanto barulho.

É que berrava

um silêncio profundo,

naquela sala

aonde estava o menino.

Que antes falava,

com todos da sala,

naquela escola,

aonde estudava.

O menino tinha medo,

de voltar para casa,

e sentir no corpo

as mãos que machucam.

Naquela casa,

aonde morava o menino,

haviam mãos que batiam

e faziam barulho.

Aonde o menino morava,

naquela casa,

haviam mãos que tocavam

seu corpo mudo.

Quietinho,

na sala de aula,

o menino doído

não falava com quase ninguém.

Na sala de aula,

sentado no canto,

o menino escondia

o barulho do mundo.