Nódoas
Lábios
ininterruptos,
abrem e cerram-se,
como canos de escape,
vociferando
gotículas de saliva,
fumaça.
Simultâneos
perpetuam
desassossego.
Inclinado na cadeira,
sobre
farelos, cupins e sonhos,
sono é fisgado.
Corpo-isca,
estático,
maltrapilho,
incapaz de dizer
seu nome.
Espera,
desapropriado,
possuído,
cheira a mar,
eu,
mofo.
No breu,
os botões
da camisa amarrotada
estão fechados.
Por baixo dos tecidos,
quase trapos,
na pele,
nódoas persistem.
Ressentir encardido
de quem descarna,
desiste,
envolve o silêncio
com gritos mudos,
indisfarçáveis.
Daniel César - Natal, 10/04/2021.