(VENDEM-SE)- ÚLTIMAS OFERTAS!
As perdidas horas correntes
E as coroas garantidas
As já idas...ou vigentes.
Funerais
E os umbrais...
Vendem-se, é agora ou nunca mais!
Todas as vozes
Que dispendem
As energias que desmentem.
Os sonhos de cidadania
Na esperança que sorria.
Os atos falhos os vãos atalhos
Das tão nobres senhorias.
As palavras sempre ao vento
Que jamais são alimentos.
Vendem-se!
Muitas dores e os horrores
Que pululam nos suores.
E as vidas só em penhores.
Os verões sem andorinhas
Os outonos em avarias
Os invernos das folhas frias.
Primaveras sem sinfonias.
Vendem-se!
As pedras sobre as guaridas
E as fomes nas vias aflitas.
Vendem-se os furos das notícias:
-Tá faltando oxigênio!
Até nos discursos dos gênios.
Há comércio para tudo....
Nesse tempo absurdo.
Das bondades fictícias
Dos últimos fios do bigode!
Dos pecados e indulgências...
Céu e Terra: sem clemência.
Vendem-se os crimes nunca vistos
E os veredictos prometidos.
Vendem-se as almas e as lamas
A celebridade que inflama
Nas suas já feitas camas...
As sociedades corrompidas
As liquidezes dos propósitos
Todas as matas combalidas
As tantas vidas nos depósitos.
Vendem-se!
Toda força da Ciência
Na sua ida onipotência.
As minorias ao relento
Dos Impérios que sustentam.
Vendem-se as santas hipocrisias
Como se fossem alquimias!
Vendem-se: até as próximas pandemias!
Soluções que nunca chegam...
- vitaminas aos desejos-
Comprem...façam economia!
O remédio para fígado
Jura matar todo o vírus...
De coração arrefecido
-Vamos, engulam os comprimidos!
Já há as covas garantidas
Na imunidade carcomida
Frente a tão poucas medidas.
Dentre cores e peles gastas
Sob os sóis de estrelas rasas...
Só as tão fartas desgraças.
Há poderes derretidos
Sobre solos combalidos
Onde a Vida pede água.
Há um todo já vendido...
Dentre o deteriorado:
Que só clama por sentido,
Por não ser ludibriado.