VIVENDA VÍVIDA

Afoito adentrei anosa casa que imberbe morei

Tugúrio abandonado por tudo que ali moraram

Fortaleza destelhada destrancada desjanelada

Abertamente fechada ao intemporal destino

Tal Beethoven - surdo - ouvia melodiosos sons

Canários vacas irmãos e mamãe cantarolando

Evolava do fogão o cheiro saboroso da refeição

Senti dela tapinha meigo para acudir torresmos

Quando aqui revir que seja na boquinha da noite

Em terças os sons ressoam na viola de papai

Naquele prego da sala os vejo dependurados

Bosquejo debruado em álacre retrato sonoro

Recursos minguados - guatambu - enxadado

Calejadas mãos macias de carinho e coragem

Repousarei nesta noite sob o manto estrelado

Enluarado para não me esquecer e saudadear

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 07/04/2021
Reeditado em 09/04/2021
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