Lírios do campo

a poesia nasce das pedras,

nasce do caos, nasce das trevas

da languidez das águas dos rios

do filho sem mãe, com frio

do fio cruel que a morte trama

nasce da luz, nasce da chama

nasce do aroma da vida

da pureza da margarida

das mãos que tateiam a lua

dos gatos em cio nas ruas

dos guetos que vomitam a lama

do coração frenético que ama

das crianças que brigam, brincam com a fome

dos poetas bastardos, inglórios, sem nome

das borboletas efêmeras que bailam a valsa

das prostitutas frígidas que gozam a salsa

da falsa felicidade que ofende

das fadas, feiticeiras, duendes

da nódoa que mancha a alma

do nódulo que mata a calma

a poesia nasce do encanto,

do descaso do ocaso do acaso

a poesia nasce

assim como nasce o lírio do campo.

Benvinda Palma

Bemtevi
Enviado por Bemtevi em 05/04/2021
Código do texto: T7224242
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.