SOPRO
E o dia veio vindo em passo inverso
Ao desse rumo em que seu senso errava
Tão sempre o mesmo, utópico, diverso
Da realidade às rédeas freio ou trava.
Seu sonho agonizante era o universo
Em ruínas ao que nunca se importava.
Estranha a sua fala, assim, vazia
Do espírito a legitimar o gesto,
A queixa esdrúxula, seu vão protesto
Alheio ao que razão por si trazia.
O agora é sopro, um sábio já dizia
E o que se quis não vale esse indigesto
Silêncio após queixume desonesto
Pouco importando se acha que é poesia.
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