NOS POROS DA NEGRA POESIA
Trago demarcada em minha pele
O desenho da história de um povo.
Que espalhado pela terra
Canta, clama e reclama de novo.
Na raiz de cada fio do meu cabelo
Como nosso DNA, um verdadeiro selo
O tanto que restara da memória
Depois de tantas dores e tantas guerras...
Ecoam ainda as vozes dos meus ancestrais
Que Nzambe dançando nas rodas nos quintais
Trazia imagens do tempo de liberdade e paz,
No calor de nosso solo, no cheiro de nossa terra.
E a poesia marca os traços, e o nosso canto a melodia
No transe de amor e alma, com os deuses de nosso panteon
Dos troncos de nossa fé, raízes da nossa omnia...
E a mãe África canta e chora, no banzo, na nostalgia,
Em cada rima, em cada história
Nos versos desta saudade, ... Nos poros da negra poesia...
By Nina Costa in 31/03/2021. Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.