As brumas da montanha
As brumas da montanha
Montam sobre o dorso da cidade
Não era bruma
Era espessa fumaça
Era o suor dos carros
Era o grito do mendigo
O desespero do sem emprego
Sem reais na real
Vida dura
Era espessa a ex bruma
Era fumaça tóxica
Era enxofre dos diabos
Pobres diabos assando
Enquanto perambulam nas ruas
Ruas fedidas ardendo
Abrindo mil perigos
Buracos de bala
De trânsito de obra
Em transe a dona passa
Não sabe nada da bruma
Só quer o que é seu
Uma vaga no céu
Com vista pra piscina
E o resto que seja só
O mesmo que é
O gosto de café frio
De amor perdido
Dúvida permanente
É morte ou descanso
Aquilo que ocorre
Com as tartarugas
Quando elas deixam de dançar?