As brumas da montanha

As brumas da montanha

Montam sobre o dorso da cidade

Não era bruma

Era espessa fumaça

Era o suor dos carros

Era o grito do mendigo

O desespero do sem emprego

Sem reais na real

Vida dura

Era espessa a ex bruma

Era fumaça tóxica

Era enxofre dos diabos

Pobres diabos assando

Enquanto perambulam nas ruas

Ruas fedidas ardendo

Abrindo mil perigos

Buracos de bala

De trânsito de obra

Em transe a dona passa

Não sabe nada da bruma

Só quer o que é seu

Uma vaga no céu

Com vista pra piscina

E o resto que seja só

O mesmo que é

O gosto de café frio

De amor perdido

Dúvida permanente

É morte ou descanso

Aquilo que ocorre

Com as tartarugas

Quando elas deixam de dançar?

Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 31/03/2021
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