FINAL DE PÁGINA.
Enterra-se as ações
em terra escura,
raízes buscando água,
mas os olhos não vê.
Num esquina qualquer
encerra-se uma vida,
o choro da perda
quem a de escutar?
Colossais promessas,
suntuosa hipocrisia,
ventilando pelas ruas
e batendo nas iris .
Morre caule.
raízes , folhas , frutos,
passos se encerram,
boca quer gritar,
mas o folego é curto.
Pão na mesa não há!
Criança chora , grita,
a dor desaba na mesa,
o pai desaba a alma...
casa , comida,
sonho de um povo,
lágrimas escorrem
em rio caudaloso.
A pátria é mãe
ou madrasta?
O poeta vê o mundo,
dependurado num
abismo.
Segue colocando
os pontos, ele grita,
o preço absurdo de tudo,
acaba morrendo mudo,
no final de uma página.