Attraversiamo
Arrumando a casa dos dias
flerto com as lembranças ímpares
limpo a poeira da estante das falas
dialogo com corações cheios de nós
que após viram pó quando dobram a esquina
Ajusto o ponto cruzado do limite da dor
e as vertigens que invadem horas póstumas
que jorram tempos passados
sob memórias avulsas
que cheiram gosto de sangue
E minha acidez trêmula
regula o termômetro do ego
entra em erupção no medo
cospe o pus do abismo
que bebe estranhos mútuos
Atravesso a ponte da tristeza
que vomita o caldo magoado do beijo
ando nas ruas que pregam passados
onde transitam esperanças virgens
de um mundo sem volta
Caço o passo da dança avulsa
debruço no teto da noite de neon
sussurro palavras anônimas que brilham
pego na barra da saia da moça
que excita meu olhar de fogo
E o sonho que ancora nas sombras
esconde o azul do meu blues que chora dilemas
infecta o coração de alegrias
e abre fendas nas cicatrizes
da porta do futuro nu
E a mágica da vida que me aquece
canta para morte que nada mais é
a maciez de um aperto de mão
de uma amiga inseparável
Attraversiamo ...