U.T.I. BRASIL
Sempre escreverei poemas nos quais meus amigos se (me) identifiquem.
O tempo é o refúgio dos pensamentos
O beijo do fim será o começo
Do caminho que trilhamos, adulterados,
Para nos encontrarmos distraídos
Em lugar nenhum.
Sejam bem-vindos ao ano 2021:
Somos reféns de um vírus multiplicado
Ser cantor disso é narrar um mundo contaminado
O poeta se esconde da dor e da morte
Não é médico, nem pesquisador
Ministro, embaixador,
Construtor, muito menos,
Ele se apaga na morbidez,
Eu-lírico do perdido,
Escapismo é um truque
Que gostaríamos de ver
Pra evitar os nossos,
Os próximos e tal...
O falecimento é real
Não poupa velhos, senhores
Proprietários, acionistas, correntistas
Poupadores, cooperados, particulares
Essa doença é humana: leva a todos!
Independente de classe social
Não há cilindros de oxigênio,
Não chegaram os equipamentos do governo
Inexistem, nos hospitais, vagas
O sistema implodiu!
A vacina sumiu,
A mãe morreu,
O jovem se foi,
A criança nasceu - infartada!
O STF julga, remotamente,
A excreção política,
Enquanto a fundamental
Continua parte do problema estrutural.
O Real se corrói na Bolsa de Valores
O BACEN corre na emissão de moeda
Segurando os juros (segundo a economia do Guedes)
Alavanca o dólar do estrangeiro,
Assim não há Fernando, Getúlio, Meireles ou Cabral
Que iguale país cujo nascedouro foi desigual
E presos e livres se lutam
Na defesa constitucional.
O amanhã parece ignoto e indiferente
À guerra mundial.
O Executivo se desculpou
Brasília apagou
Os holofotes por ora.
O luto é muito grande para culpar
Alguém agora.