Balada da confissão ao vento
Ouça ó vento este meu canto
desafinado, eu lhe confesso!
Mas nesse canto lhe adianto:
a lua tem o rabo preso
com a razão deste meu pranto!...
Nas noites, quando estou a sonhar,
estrelas estendem o manto,
enquanto me ponho a rezar...
Mas se isso lhe causar espanto,
que seja um segredo, eu lhe peço,
pois, não quero pagar de santo,
há muito não lhe dou o meu apreço!
Se amordaçar este quebranto,
o que de mim irá restar?
Se com profundo desencanto,
não ter força para rezar...
Se não te convencer meu pranto
migalhas de atenção eu lhe peço,
que neste cais velho de espanto
ainda confuso me despeço!
Se me ver triste pelos cantos,
por favor venha me assoprar
em brisas de espírito-santo:
dar emoção pro meu rezar...
Então termino este meu canto,
com toda esperança no olhar
de ver no céu mais novo encanto;
coração que se põe a rezar...
Joselito de Souza Bertoglio