Ó se eu pudesse fazer desde o barro
Ó se eu pudesse fazer desde o barro
as coisas que vejo em sonhos que tenho.
A vida parava, a morte era um sarro,
não se franzia mais vezes meu cenho.
Ó se eu pudesse. Pois bem, que faria?
Pegava na mão bonita da Abelha.
Que eu fosse feio não mais me feria
e tudo era chama, não tinha centelha.
Ora, as asas, abria-as, gigantes,
tinha no céu minha pista exclusiva.
Ia por onde não pude eu ir antes
tendo nos braços a minha cativa.
Pois bem, que bênção. Não tinha mais dor.
Tinha no beijo rubis e esmeraldas.
Não era um homem, mas anjo do amor —
punha-lhe em cachos formosas grinaldas.
27/03/2021