LEITURA.

Vez ou outra,

Engano o Poema.

E finjo ser

O que penso que sou.

Ahhh...

E tão louco

Se vê o poeta!

A duvidar da escrita,

E da verdade

Escondida.

Finjo que amo e,

Também, que não amo.

Invento versos, rimas,

Desobedeço regras

E desafio o português

Num profundo sonhar.

Noutras vezes,

Guia-me a mão,

O coração...

E escrevo.

E essa linguagem,

Sabemos,

Dispensa tradução,

Sequer explicação.

Traduz-se

Pelo sentimento

Em veias, artérias,

Quereres e sentires...

Enquanto pulsa,

Vibra e reanima,

Sente o corpo

Que deseja em chama.

Enquanto alma,

Verseja e canta,

Ama e encanta,

Protege e acalanta.

Elenice Bastos.