A MARIONETE


Ah, ela dança, nunca cansa, bate palmas, 
-Avança
Pelo palco dessa vida, tão néscia, tão santa...
Ela bate seus pezinhos sobre a borda da ribalta,
Bate palmas, pula, salta, dá uma volta
- Se espanta
A platéia alucinada, ora vaia, ora aplaude
Ora atira-lhe uns tomates, se retira...
- Se encanta

Ela dança, dança, dança, 
Mas os fios se embaraçam uns nos outros:
-Ela estanca
Bem no meio do espetáculo:

E a mão que a guiava, 
E a fazia saltitar, bater palmas, controlando
A reação da platéia,
Ela nunca, nunca via...
Não sabia ser caloura
Mas sentiu a queda livre
Ao vil corte da tesoura...



Texto inspirado na escrivaninha de Dartagnan





 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 25/03/2021
Código do texto: T7215619
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