Estranho

Sinto-me às vezes estranho,

Não sei se finjo ser o que não sou

Ou se sou aquele que finjo ser.

E o tempo não me ajudou muito

Nessa empreitada soturna

Só um pouco, no desnecessário.

Sigo sendo um estranho a mim mesmo

Alguém sem identidade, nem idade

E, assim mesmo, velho e Ignorado.

Que sina essa minha, que conhecimento

Que insiste em incidir em minha alma

E fomentá-la com mais esse trauma.

Sinto-me às vezes estranho,

Mas na minha idade isto não cola mais

E mesmo que estranho não fosse

Nada mais me interessa

A não ser não parecer estranho.