Lunar II
Da face fria, pálida e serena
Que o sol esconde durante o dia
A luz macia que rouba da estrela
Banha os corpos da noite vadia
Mistério profundo que esconde no rosto
Do lado sombrio que nunca revela
O homem nunca provou do teu gosto
Satélite soturno que ronda a terra
Corpo celeste que faz serenar
As almas doentes que ocupam o mundo
Boêmios pecam sob teu olhar
Que flagra os atos vagabundos
Revela o negro do teu avesso
Vomita o podre de tuas entranhas
Abandona teu estado coeso
Me mostra tua cara estranha
Lua maldita que me faz uivar
Lobo machucado na treva da mata
A ferida seca que não quer sangrar
Te entrega aos poucos minha alma
Jornada selvagem que chega no fim
Na selva bruta que só fez me machucar
Que seja a morte uma amiga pra mim
Que o meu velório seja o luar
Luar de véu preto que me cobre morto
Da estrela fajuta que dorme de dia
Me leve tranquilo pelo caminho torto
Tua luz que não brilha será minha guia