Sangramento
Sangramento
Oh fios telegraficos de secretas andorinhas.
Transversal deserta dos solitários,
dos aedos e dos bardos
Morses dos silêncios telepáticos...
No azul das rotinas.
Agrimensor rubro-negro do horizonte...
Cerzido nas chamas, num raio longínquo.
Nas quadraturas do solo de um majestoso crepúsculo a grená!
Oh auriperdida linha das estradas.
Que o menino e sua bola a correr na tarde se esquece.
Oh jazz-band que se ouvia...
Oh cool jazz, de trompetes e relâmpagos demorados, na fruição do alarido.
Penumbra negrocinzazul, tarjando o viés do entardecer...
Prolongado nas luzes a correr as vitrines, e os para-brisas dos carros, nos estacionamentos dos parques.
Oh timoreiros do mundo
Chanfrados na efígie das moedas...
Na cruz gamada, e no eixo da roda.
Na drágea da ilusão do irreal...
Das ilhotas seminuas da língua
Salvem minha poesia!
Francisco Cavalcante