ETÉREO, EU?
ETÉREO, EU?
Não sou etéreo
Não faço viagens mentais
Tão a gosto dos poetas
Meu coração não flutua
Em tênues aspirações
Por amores ideais,
Por musas esvoaçantes
Sou do solo duro
Sou da pedra britada
Sou do tijolo e do cimento
Das grandes catedrais
Das estradas sem fim
Das barragens e portos
Que são pedaços de mim.
Vejo nessas coisas frias
A poesia embutida em
Suas nobres finalidades.
Quando o poeta sofre
Deita-se no ar condicionado
No Facebook seu sofrer mitiga
No notebook busca a rima.
A mulher ultrajada vai
Ao aeroporto afastar-se
Daquilo que a ofendeu
Ou ao porto navegar
Quem sabe aparecerá
O apagador de lembranças
E tudo ira recomeçar.
Quem agora me lê, pensará
Nunca ter visto nada igual
Invejo as palavras perfeitas
Dos poetas do amor perdido
Ou do amor frustrado
Onde a alma fala menos
Que o coração..
Mas não sou assim sensível
Sou do amor realizado
Quando termina esvazia
Nossa vida e a alma
Sou do novo amor,
Buscado e conseguido
Que se deita em berço vago!
Paulo Miorim 08/09/2020