IMÉRITO ORFEU

Insatisfeito, atiro dardos incendiários

Setas que caem sobre mim, invalidas e tortas

Alvos incólumes, caçoam das miras

Zombam das minhas metas mortas

E riem dos meus desejos literários

Assim viajo em estranhos delírios

Enquanto versos gotejam em sonhos

Hidratando palavras que deslizam dos olhos

E pouso em terrenos enfadonhos

De minas, abrolhos e martírios

E sigo cego e inseguro

Vago noturno, como imérito Orfeu

Como um guia tosco e tresloucado

Que apaixonado e sem noção, se perdeu

Caindo assim, no breu dos medos imaturos.