Estranhos

Olhei para ele de longe

e tive por certo;

éramos estranhos novamente.

Só sabia seu nome

e sua idade, por alto.

Não sabia mais nada.

Não sabia sua cor favorita

tampouco sua música.

Não sabia como andava a vida

nem suas guerras.

Minha mandíbula travada

me lembrou o dia,

que acreditei ter ele por completo

em minha mão.

Como se o conhecesse tão bem

quanto ele próprio.

Mas não sabia mais nada.

Éramos estranhos novamente.

Não sabia por quê ou quem

seu coração batia acelerado.

Quantas noites sem dormir

tem ficado.

Quanto café com cigarro

tem tomado.

Ou quais bares tem frequentado.

Não.

Não sabia mais nada.

Não sabia mais de suas amizades,

muito menos seus amores.

Suas voltas na cidade

e seus novos temores.

Por isso,

quando o vi de longe,

tive a ingrata certeza;

éramos estranhos novamente.

Maria R Montozo
Enviado por Maria R Montozo em 22/03/2021
Reeditado em 24/03/2021
Código do texto: T7213572
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