Estranhos
Olhei para ele de longe
e tive por certo;
éramos estranhos novamente.
Só sabia seu nome
e sua idade, por alto.
Não sabia mais nada.
Não sabia sua cor favorita
tampouco sua música.
Não sabia como andava a vida
nem suas guerras.
Minha mandíbula travada
me lembrou o dia,
que acreditei ter ele por completo
em minha mão.
Como se o conhecesse tão bem
quanto ele próprio.
Mas não sabia mais nada.
Éramos estranhos novamente.
Não sabia por quê ou quem
seu coração batia acelerado.
Quantas noites sem dormir
tem ficado.
Quanto café com cigarro
tem tomado.
Ou quais bares tem frequentado.
Não.
Não sabia mais nada.
Não sabia mais de suas amizades,
muito menos seus amores.
Suas voltas na cidade
e seus novos temores.
Por isso,
quando o vi de longe,
tive a ingrata certeza;
éramos estranhos novamente.