"Outra pessoa" no sono. Alusão a um poema de Fernando Pessoa, no Dia Mundial da Poesia
"Outra pessoa" no sono
Despertou sem esperar
a volta ao ritmo do sono.
Então começa a pensar
o que é um rei sem trono.
E vendo o monarca a esmo,
percebe que "é ele mesmo,
no colchão do abandono".
Ou dormindo, ou acordada,
a Humanidade esquece.
Ele invoca a madrugada,
lembra, escreve: não adormece.
O texto acima é um Poemeto em redondilhas maiores.
Abaixo se vê o Poema de Fernado Pesssoa: Insónia
“Não durmo nem espero dormir.
Nem na morte, espero dormir.
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Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer.
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Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam [...] que me não sucederam [...] que não são nada.
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Não tenho força [...]
[um rei sem trono] (acréscimo nosso).
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Estou escrevendo versos [...].
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Sou uma sensação sem pessoa correspondente.
[monarca a esmo] (acréscimo nosso).
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Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
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O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
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A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
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Mesmo acordada, a Humanidade esquece.
Exactamente. Mas não durmo." (grifos nossos).
NOTAS:
1) Clicar aqui, ver no Google: poemas/insonia-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
2) Fernando Pessoa é poeta português considerado uma figura mutifacetada que usou heterônimos (não eram pseudônimos). Clicar aqui, ver no Google: todamateria.com.br/fernando-pessoa/