BIOLOGICAMENTE MALIGNO
Foi no silêncio do tempo
Que ouvi o barulho do medo
Em meio ao enredo
Do que parecia irreal
E viver este tempo nu e surreal,
Me deu calafrio!
Foi na dor alheia que morri
E nas tristezas de outrem
Eu me feri,
E o que era pra ser sorriso,
Não pôde sorrir;
Chorei as lágrimas de muitos...
Vi olhos azuis, sangrando,
Olhos verdes, pálidos,
Olhos negros, vermelhidão.
Solidão em desespero.
Vou "adormecer" meu olhar
Pra que num límpido amanhã
Eu possa me acordar
E ver teu sorriso,
Que hoje se perdeu.
Guerra biológica
Onde a lógica
É esconder-se.
Biologicamente maligno
E se há um resultado digno,
Seria deixá-lo morrer
Agonizando sem um espaço
No fracasso,
Sem portador.
Ênio Azevedo