Sou...
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
Sou um barco à deriva no mar revolto da vida.
Um pinto no ovo a romper a casca, a sair para lida...
Sou a vida silvestre a relutar contra o fogo; vereda, várzea, cerrado... Menos urbano, mais campestre.
Sou como o gado no campo a procurar ramo novo,
aluno reprovado a fazer tudo de novo.
Sou um caboclo na cidade; uma roda em movimento,
palha ao vento, opondo-se a gravidade.
Sou a ave no ninho na busca do aconchego, caminhante a andar sozinho, sem medo.
Num dia, me vejo meio adocicado,
noutro, amargo por inteiro.
Aposentado, a buscar sossego, com tempo ocioso,
com pouca saúde e dinheiro.
Sou a essência da flor, da rosa, a perfumar o mundo inteiro. - A água de cheiro. O vaga-lume num pisca-alerta, em lampejos.
Sou alguém na vida, a querer vencer, a contemplar o ocaso, a adorar o amanhecer.
Do meu destino pouco sei. Sou como a pedra que desprendeu do lugar. - Sem saber de onde veio, nem para aonde irá.
Sou a penha a rolar do Morro da Cruz,
banhista ao se afogar: a pedir socorro a Jesus.
Sou minério precioso que, desprendeu do veio. Após trabalhado nem imaginarão o quanto já rolei.
*Nemilson Vieira de Morais
Acadêmico Literário.
(20:03:15)