CHUVA IN HOME

Por um instante desconheci o ruído

Parei o home e agucei os ouvidos

Chuva mesmo. Gotas no telhado e na janela

Pareceu-me algo distante no tempo

Confinado no escritório não percebia o clima

O tempo deixa a mente dispersa

A solidão direciona os olhos para um ponto fixo

O teclado é a sonoplastia do isolamento

Meu corpo isolado e producente

Absorto no trabalho esqueci do mundo

A chuva me despertou e eu quis vê-la de perto

Água pura, energizada

Capaz de afastar qualquer cepa

E o vento bom levando todo mau agouro

Asseando o espaço contido em mim

Lavar as mãos, soprar as mãos

Higienizar cada canto, todo meio

Sensação de pureza duradoura

Nos trovões buscar aquilo que afugenta

Cada raio reluzir o escuro da agonia

Uma doença que abarca o mundo

Vezes de choro torrencial

Todo luto envolto em interrogações

Um sem-fim de leitos habitados

Tudo sem porvir. Acabar um dia

Como um enigma antigo mas solucionável

Os braços só querem doer à picada

Rinaldo Saracco
Enviado por Rinaldo Saracco em 18/03/2021
Código do texto: T7210411
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