Se Voltares
(Maria Helena Castro)
Como o sândalo humilde que perfuma
o ferro do machado que lhe corta;
Hei de ter a minha alma sempre morta,
mas não me vingarei de coisa alguma;
Se algum dia perdida pela bruma,
resolveres bater a minha porta;
Ao invés da humilhação que desconforta,
terás um leito sobre um chão de brumas;
Em troca dos desgostos que me deste,
mais carinho terás do que tiveste;
Meus beijos serão multiplicados,
para os que voltam pelo amor vencidos;
A vingança maior dos ofendidos
é saber abraçar os humilhados.