Só sei que viver dói, mas entre a vida e a morte é preciso existir.
Vez por outra me pergunto como é viver sem dor alguma.
Isso é da ordem do impossível, eu sei, mas imagina que sonho seria viver assim. Você há de convir comigo, são inúmeras dores pelas quais passamos, dor que não acaba mais, é angustiante passar a vida assim, envolvida em dor, o meu corpo todo dói, do fio de cabelo ao coração apertado contra o peito.
Diariamente, lido com uma dor que não tem nome, a esmagar meus dias ensolarados, sorrisos espontâneos, gargalhadas extravagantes, sinto falta da minha espontaneidade frente a vida, dói viver.
Morro na dor, mas desejaria mesmo é viver sem dor.
Que dor é essa que insiste em ficar ao meu lado?
Padeço, sinto demais, torturo minha própria vida e a dos outros que se preocupam comigo, caos instalado, talvez seja esse o meu grande problema, no fundo, gosto da agonia que ela me causa, mesmo estando aflita, não consigo soltar sua mão.
Só sei que viver dói, mas entre a vida e a morte é preciso existir.
Quando deixar tudo em mim, doer, sem medo de me desfazer, esgotarei as dores muito guardadas, e, no fundo, já saiba o que me acontecerá, mas para isso, necessito deixar doer e então poderei de novo viver.