Porque sou um Eu
Onde a chuva toca,
Onde o solo acolhe,
Onde a marca assola,
Onde a casa chama,
Onde os olhos negam.
Na noite arcaica,
No podre do céu,
No monte sem cume,
No meu peito queimado.
Em minha cabeça perdida,
Em meu lar de roedores,
Em meu coração congelado,
Em um mar de quatro cores,
Em um sonho maravilhoso.
Por uma estrada de juventude,
Por um abraço do passado,
Por um caminho de desejo,
Por um chute da paixão.
Sobre os horizontes sujos,
Sobre um cansado renegado,
Sobre meus amigos esquecidos,
Sobre a imaginação terrena,
Sobre o sol fatigado.
Porque sou um Eu,
Porque é a era do desequilíbrio,
Porque meu corpo existe,
Porque o chão corre por meus pés.