Na noite
Na noite
Os gatos são fatos
Faróis apontam a falência
Falácias gritam cruas
Turbulências açoitam o poeta
Poderia morrer de tédio
Mas tudo passa
Mais uma vez o gato escapa
Pedras e escopetas
Um rosto resta no chão
Na mais autêntica florescência
Da máquina de filmar
Nada mais é justo
Cheiro ocre de urina barata
Quanto vale mesmo um ser humano?
Menos que um chip
Mais que uma vírgula
Tanto quanto o ocaso
Por acaso um dia
Talvez vá se encontrar
Entre os restos mortais do poeta
Um pacote e nele envolto em breu
O poema azulado
Em versos de rútilos sonhos
Na última sílaba o gesto
Escrito em fino marfim
Chorem, mas não por mim!