Talvez Eu Bata
Talvez irei bater no portão de sua casa. Olhe para mim,
mas não me encare,
pois ficarei envergonhada.
Me deixe entrar e me conte uma boa história.
Nunca precisei tanto da sua atenção. Nunca precisei tanto de atenção,
eu acho.
Bom...
A memória está presente em mim agora, pois fantasmas se lembram de sua vida passada.
Olhe bem no fundo dos meus olhos.
Não me diga quem você vê,
pois me assustaria e nem me diga como você se vê em mim.
Só me abrace forte e me dê um beijo suave.
Pode ser tudo o que preciso.
Pode ser tudo o que não tenho,
quem sabe.
Talvez...
Pode ser que eu não tenha nada,
além da memória de ter sido seu um dia.
O amor é bom.
É como uma fonte eterna de vida, preenchendo-nos,
diversas vezes,
sempre que esvaziado pelas fendas do coração,
dando-nos a sensação de um vazio fulgurante.
Talvez seja esta a grande questão:
pois uma fonte eterna de vida é tortura, para aqueles que desejam a morte.
Repito: o amor é bom.
Nunca morre quem assim deseja,
pois a brecha no nosso coração é real,
e não queremos partir sem uma parte de nós, pois o orgulho é grande para esvair-se por aí também.
Talvez seja este o meu testamento: posso não ter conseguido restaurar o meu coração.
Mas pude rasgá-lo mais para que você pudesse entrar.