Talvez Eu Bata

Talvez irei bater no portão de sua casa. Olhe para mim,

mas não me encare,

pois ficarei envergonhada.

Me deixe entrar e me conte uma boa história.

Nunca precisei tanto da sua atenção. Nunca precisei tanto de atenção,

eu acho.

Bom...

A memória está presente em mim agora, pois fantasmas se lembram de sua vida passada.

Olhe bem no fundo dos meus olhos.

Não me diga quem você vê,

pois me assustaria e nem me diga como você se vê em mim.

Só me abrace forte e me dê um beijo suave.

Pode ser tudo o que preciso.

Pode ser tudo o que não tenho,

quem sabe.

Talvez...

Pode ser que eu não tenha nada,

além da memória de ter sido seu um dia.

O amor é bom.

É como uma fonte eterna de vida, preenchendo-nos,

diversas vezes,

sempre que esvaziado pelas fendas do coração,

dando-nos a sensação de um vazio fulgurante.

Talvez seja esta a grande questão:

pois uma fonte eterna de vida é tortura, para aqueles que desejam a morte.

Repito: o amor é bom.

Nunca morre quem assim deseja,

pois a brecha no nosso coração é real,

e não queremos partir sem uma parte de nós, pois o orgulho é grande para esvair-se por aí também.

Talvez seja este o meu testamento: posso não ter conseguido restaurar o meu coração.

Mas pude rasgá-lo mais para que você pudesse entrar.

Cynthia Thayse
Enviado por Cynthia Thayse em 08/03/2021
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