PELA FRESCURA QUE ME TOCA...
Hoje a natureza despertou algo fria, embebida de frescor...
E ao tocá-la,
Senti não se tratar da frescura agressiva
E congelante dos cenários alienados,
Nublados de horizonte promissor.
Hoje senti a brisa fresca que descia...
E que tampouco vociferava alheia,
Dentre ventos que sopram sem rumo, sem cerne, sem direção.
Do tudo que desce a açoitar a esperança postada na calçada, nas esquinas palpitantes,
Dentre infernos agonizantes,
Os das horas desprezadas e zombadas.
Ao contrário do todo,
Senti na pele a atmosfera dum vento que soprava cuidadoso pela nevoa fina,
Respeitoso...
Como se tivesse por princípio ético apenas um segredo a cochichar
Como se a soar só histórias doces de ressuscitação possível...
a refrescar as dores em mutirão.
Hoje senti toda a legítima frescura consumada descer dos céus,
A dar respostas e abençoado norte,
Como se em oração de silêncio e misericórdia
Aos tantos ares amputados...
Como se, por um fio dum milagre, a esperança refrescante
ainda respirasse viva...
A esperar pelo fôlego de vida que urge por respeitosa existência.