ainda que demore ressoaremos
é tudo cálice o olhar
a janela os sussurros
da chuva antes de cair
o silêncio na rua e mesmo
o cume da raiva fervendo
a vale da tristeza no escuro
cálice cálice cálice cale-se
e aprenda a chuva caindo
o vento gemendo o colchão
de nuvens respirando vírus vozes
desvario o tonto a guiar os cegos
para o abismo os mornos lavando
as mãos novamente as madalenas
sem se arrepender na busca
do novo barrabás gado de corte
ovelhas sem iniciativa "povo
marcado eh povo feliz"
e no pântano das almas
cérebros e corações sem uso
é tudo cálice e escuto
não estou sozinho
somos versos velejando
no infinito mar do poema
e ainda que demore
ressoaremos