Pode ser uma imagem em preto e branco
Esta noite você
pode
me encontrar
aí em sua casa.

… pode encarar
sua pia suja
cheia de borras de café
no ralo

que desenham… formas.

e se encarar demais
tempo demais…
poderá ver o que quiser
o que bem entender... 

E eu ali.

Esta noite você pode
me encontrar nas curvas
daquela roupa de cama
que você dobrou com pressa

... pois já era tarde
é sempre tarde... 

mesmo cedo, pois
sempre existe em sua
cabeça… ampulheta.

E nunca há mais
tempo… assim como
nas minhas canetas.

nas estradas
na frente ou atrás…
encruzilhada, eu ali.

com você, de carona
ao seu lado
no retrovisor dos rancores
e nos horizontes dos falsos amores... 

nas esperanças
dos pós-pedágios
logo lá… Eu ali.

Esta noite você
pode me ver nos teclados
misturado com seus... 
farelos de Fastfood

Sorrindo e chorando
piscando nas telas de ligações
que você finge não ver, pois
não quer mais pensar... 

Não quer mais atender

E eu ali.

E me verá no pacote
que abre, que lhe remete
aquelas balinhas de menta
que um dia anteciparam

… beijos na boca. 


e pulos na cerca
e pulos de gatas e gatos
olhares pidões de crianças e cães
formigas, moscas e é claro

“Babas de Moça”.

E não porque
eu sou o SEU poeta
Eu NÃO SOU seu poeta,
cai na real

Eu não CONSIGO parar
mas eu não ligo pra isso, inclusive
algumas vezes eu ODEIO isso aqui.

Eu estarei nos versos
dos ditos “melhores dos melhores”
e dos piores também

… aquelas
antologias toscas
mal feitas de ensino
primário “fundamental”

pra não sei
quem... e pra quê.

Poemas de adolescentes
contos do Seu Vigário
letras de Punk, eu ali.
Mas eu não sou seu poeta.

Sou, no máximo
um amigo querido…

Um cunhado encostado
um primo maluco, distante
aquele pirado, aquele “doidásso”

que nunca consegue…
não pode e nem ousa
Deixar de escrever

… Pra você.