Talvez eu nunca me case
Talvez eu nunca me case.
Não faça convites com letras douradas, não espalhe rosas pelo tapete vermelho, ou enfeite a igreja com tecidos brancos.
Tem algo de estranho comigo,
que se assusta por estar sozinha,
que reclama por estar com alguém
e que também se agarra a solidão.
Talvez eu viva sozinha.
Nunca dei sorte com os meninos.
Ou eles que não deram comigo...Não sei. Estou ficando cansada de tudo isso.
Talvez fiquei velha demais aos dezenove anos.
De tudo o que eu fui ficou espaços vazios.
Tenho medo de cair em algum deles e desaparecer.
Ah, que falta me faz o abraço,
de quem não quer te deixar partir, mesmo quando não se pode ficar.
O sorriso da alma estampada no rosto,
o rosto que se estampa na alma
e sua alma que se derrama nesse abraço, cheio de planos, esperanças e sonhos.
Ah, que falta me faz o beijo de quem, podia me enxergar, mesmo com os olhos fechados.
As promessas de amor eterno,
o eterno que se agarra as promessas
e as promessas que unem nossos corações, cheio de planos, esperança e sonhos.
Ou talvez por uma ironia do destino.
Ou por graças de Deus.
Eu me case.
Em uma igrejinha pequena.
Com decoração azul e Branco.
Azul com manto da Virgem.
O branco simbolizando pureza.
Com poucos convidados.
Mas o número certo de pessoas verdadeiras.
É talvez eu me case.
No mês de maio.
Pois é o mês mariano,
além de ser o mês das noivas.
Talvez eu cante para meu esposo. Talvez eu escreve algum voto bonito. Talvez eu simplesmente chore.
A única certeza que tenho.
Que vou está cheia de planos, esperanças e sonhos.
Na entrada daquela porta com o hino.
Da ave Maria cantado em latim.
Minhas madrinhas todas,
com vestidos vermelhos.
A minha família ao lado.
E vou encontrar.
Aquele olhar que consegue compreender.
Que meu coração antes de ser abraçado,tocado.
Era um coração que só queria ser amado.
E pra ele vou sorrir e dizer.
Hoje te entro meus
Planos
Esperanças e
Sonhos.