Plenitude do complexo amor

Quem sabe hoje a nave virá buscar-me

fazer dos meus colíros água benta

que sonho em ter no céu da minha boca

cansado de tanto fechar portas, eu me seguro num papel azul

um papel sem marcas , sem cores

sem plenitude venerável

sem futuras reuniões de família

sem sal

Até quando vou contar para meus cães

que só há um Hans Castorp e que ele não sou eu?

Inferno lúdico de todas as manhãs

sal grosso, velas flutuantes,

navalha que constrói...

"Minha respiração se cansa de ter que se transformar

em um terceiro sexo tântrico

em uma quarta dimensão impenetrável

em uma complexidade amoral do amor"

Toda humanidade caminha com seus manuais cegos

com suas forças concentradas...

com sua verdades enclausuradas no projeto arquitetônico desfalecido dentro dos mais nobres cofres corporais

quantos quadris sem furtaram da dança?

quantos cantares foram calados diante da complexidade

da plenitude do amor?

amores são objetos nefastos que fazemos uso

como se uma dor anfetamínica me subtraisse da plenitude

do complexo

amor...

Chega, não me digam nada!

Eu sei que a loucura é o prato das grandes poetas

é o quadro dos grandes perdidos

é o caminho de muitas humanidades

é o reflexo da minha sombra no muro prostíbulo

perdi o bonde da plenitude

e com isso nasci para um complexo amor

o amor da lembrança

o amor canino, ignorante, atrasado

Sou a plenitude do complexo amor

nada é mais confuso que saber onde começa

o fim de quem sabe que tudo gira em torno

da fraqueza humana em ser tolo

em ser patético

em ser óbvio

em ser amor

em ser fumaça de cigarro.

Sou a plenitude do complexo amor

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 15/11/2005
Reeditado em 15/07/2006
Código do texto: T71978