Plenitude do complexo amor
Quem sabe hoje a nave virá buscar-me
fazer dos meus colíros água benta
que sonho em ter no céu da minha boca
cansado de tanto fechar portas, eu me seguro num papel azul
um papel sem marcas , sem cores
sem plenitude venerável
sem futuras reuniões de família
sem sal
Até quando vou contar para meus cães
que só há um Hans Castorp e que ele não sou eu?
Inferno lúdico de todas as manhãs
sal grosso, velas flutuantes,
navalha que constrói...
"Minha respiração se cansa de ter que se transformar
em um terceiro sexo tântrico
em uma quarta dimensão impenetrável
em uma complexidade amoral do amor"
Toda humanidade caminha com seus manuais cegos
com suas forças concentradas...
com sua verdades enclausuradas no projeto arquitetônico desfalecido dentro dos mais nobres cofres corporais
quantos quadris sem furtaram da dança?
quantos cantares foram calados diante da complexidade
da plenitude do amor?
amores são objetos nefastos que fazemos uso
como se uma dor anfetamínica me subtraisse da plenitude
do complexo
amor...
Chega, não me digam nada!
Eu sei que a loucura é o prato das grandes poetas
é o quadro dos grandes perdidos
é o caminho de muitas humanidades
é o reflexo da minha sombra no muro prostíbulo
perdi o bonde da plenitude
e com isso nasci para um complexo amor
o amor da lembrança
o amor canino, ignorante, atrasado
Sou a plenitude do complexo amor
nada é mais confuso que saber onde começa
o fim de quem sabe que tudo gira em torno
da fraqueza humana em ser tolo
em ser patético
em ser óbvio
em ser amor
em ser fumaça de cigarro.
Sou a plenitude do complexo amor