Até a morte nos separar
Caso me sentisse sozinho,
Somente por momentos, tu vinhas,
Me enchia de bom grado,
Eres meu caminho.
Tampouco frio, seria inexistente,
por teus lábios quentes, aquecem
boca e ouvidos,
Com língua e gemidos.
Doces como maçãs sazonais,
Costumeiras das estações,
Das trilhas da empatia,
Dos trilhos municipais.
Me tiravam a munição,
Com dedo de moça sob gatilho,
Os desastres consequentes,
Só geravam pólvora em sua falta.
Sobre tudo, houveram momentos,
Que seu sobretudo era o sorriso,
Trazendo a vós um teto, onde nas
paredes, não havia eco.
Hoje me sinto azul,
Cerúleo sob os montes claros,
Festa cidade norte mineira,
Em que dúvida rasteja.
Azul, apagado pelo pôr do sol,
Distante dos seus olhos beira mar,
Me simpatizo com seu azul safira,
O azul que chorei na praia da Bahia.
Sempre questionei,
Onde tu estava quando quis morrer,
Segurando o revólver contra a cabeça,
Só pensava, me esqueça,
Mas, não desapareça.
Me senti usurado,
Procurando riquezas nos cabelos,
Os fios de ouro inesquecíveis,
Nestes olhos não são mais visíveis.
Pesam pálpebras em que os
cílios são cobertores,
Das borboletas secas,
Dos olhos em dorres.
Aos prantos, nos pés de madeira,
Fúnebre e chorando,
Não perguntei pelo seu rosto,
Talvez o caixão esteja oco.
Únicos mantos que quis manchar,
nada aos prantos, só sentir,
Foram os casacos do inverno,
No chão da casa do pátio.
Hoje, só memórias, as escórias,
silenciadas, almas caladas,
É o luto que acabei,
De um passado que já enterrei.
Entendi, quando quiseste não ser procurada,
Pois na morte, teus ouvidos ouviam,
E ficam rosados pela minha voz neles,
Cochichando que voltasse.
E, caso arrependesse de morrer,
Seguisse de onde vinham os clamores,
Veria, costas cicatrizadas, cabelos negros curtos,
De decepcionaria comigo, amando outra amada.
Arrependeria comigo e ela,
Entregando-se ao amor,
Querendo e vivendo,
Um pelo outro,
Até a morte nos separar.