ALÉM DE MIM...
Reflexo quebrado no espelho da vida,
Uma face dividida, entre o presente e o passado,
Uma ânsia escondida, por essa sede consumida,
Um sussurrar que aprisiona o tal tempo,
Quão insignificante e escasso minuto,
Desaprendi amar o silêncio,
Afastei-me da espuma do a(mar),
Para não naufragar o pouco que restou de mim,
Estou além de mim, nesse fim,
Tal perfume que amava, agora virou ilusão,
Efémera fragrância do pranto sem emoção,
Já nem sinto o veludo da minha pele,
Meus lábios, talvez nem saibam a mel,
Envenenou-se no breu da profunda saudade,
Na amargura do tempo, no sorver da última vontade,
Que mal descia na garganta, pois o nó sufocava tão forte,
Além de mim, está a mal(dita) sorte,
De quem estou a quem, a beira da morte,
Exposta no ciclo da infinita solidão,
Da sentença daquela aurora que roubou-me a inocência,
Daquele tempo da plena e sã consciência,
Hoje domada pela tardia ilusão,
Meus silêncios desmoronados em finitas letras,
Na espera da última palavra que nunca vem,
Dou por mim ausente da única razão,
De ouvir-te no múrmur daquele vento frio,
Para que, talvez possas preencher o calor do meu corpo,
Antes mesmo do desvanecer da aurora,
Apenas, "Estou amém de mim, nesse fim".(...)
(M&M)