Oceano de Palavras

Palavras esvoaçam em viveiros

Brotam em verdejantes canteiros

Palavras podem atenuar o tédio

Ser a melhor panaceia ou remédio

Feito Carnaval usam fantasias

Prestam-se à nobreza e à vilania

A tarrafa que é lançada ao mar

Não sabe quais palavras arrastará

Aquele incauto pode atrair dissabor

Crendo em falsas palavras de amor

Já que elas têm o dom de iludir

Simular aquilo que nunca esteve ali

Bem buriladas podem ser presentes

De virtude nítida e transparente

Agrupadas são de fato especiais

Pois poesia em buquê nunca é demais

Certo é que não podem ser retiradas

Essa é verdade mais que assegurada

Lançadas, gravadas em pedra estão

Pulverizadas, espalhadas pelo chão

Sua riqueza reside justo na dicotomia

Entre seus sons, ângulos e alegorias

Seda que acaricia ou lâmina que fere

Mel nos lábios ou veneno que se ingere

Pode-se fingir perdoar e esquecer

Mas ecoarão na noite até o alvorecer

A alma volátil não pode ser suturada

Melhor refletir ao proferir palavras.