Voo rasante
Alçei voo rasante: - fui presa!
Afiadas garras e bicos aduncos
Pinçaram em mim, meus sonhos.
Asas singravam furtivamente.
Resta-me ardente sopro
De alma pura, assaz presa
Em nostalgica plenitude.
Garras sangravam firmemente.
Da vontade que mais prezo
Escapam suspiros sofregos,
Doloridos e agonizantes.
Bicos silenciam mortalmente.
E assim venturei sem porto
Nos sonhos que jamais sonhei,
Nos versos que não crearei.