Tomo a escrita para mim...
Tomo a escrita para mim,
E não somente para mim
Ao escreve-lá.
Deixo ao lado,não geometricamente,
O livro que outrora lia
No notebook.
Ao sobrepor em mim toda a rotina
E a necessidade tão nítida
De expressar em escrita
O que eu sinto e estudo.
Falo para mim,
Discurso para mim,
E que hoje me é tão nítido e inegável
Não ser somente para mim.
Meu pré-consciente processa dados altamente selecionados por uma rotina extremamente metrificada,
Cujo os dados se correlacionam em síntese
Com o que eu vivi e vivo,
E da tensão tão abundante,
Tento assumir as linhas que já se fazem tortas,e do teste de linearidade que esse poema não passou.
Ressurjo como uma fênix consumida pela vontade do fogo,
Diante de pequenas pausas que me dou,
Instantes atômicos,
Que abruptamente e aparentemente
Denunciam algo.
O verossímil ao reduzir a duas instâncias,
Daí a dialética.
Transpassado pela linguagem,
Daí a pulsão.
A angústia tem tantos nomes,
E eu me pergunto,
Por que a verdade?
A produção pelo consumir do saber e do manter a rotina
Não me rende nada a mais do que
Prazer,
Para quê sintomatologia?
O eu é tão mais eu do que o seu,
Tão mais ser do que o seu,
Deveria alegar substância?
Tento não me prender a termos,
E não tão meu,vejo,
Que quanto mais homogêneo
Mais a necessidade do Outro
Pelo vazio do não ter algo.
Assim como o desejo,
O Eu e a verdade
Me parecem da mesma natureza.
Tentando ao máximo não ser esquemático...
E novamente ressurjo,
Em um outro tipo?
Forma?
Arquétipo?
Todas as grandezas seriam facilmente reduzidas
E mais palpáveis e prováveis,
A imanência.
Todo o simbólico facilmente produzido pelo simples fato de literalmente tirar-se sentido da pedra.
Conteúdos me consomem...
O eterno retorno do mesmo,
O caminho eterno do Tao.
Grandezas inversamente proporcionais,
Diferenças entre movimento,distância,
E caminho percorrido.
Grandezas que se relacionam e que não necessariamente são iguais ou contidos um no outro.
Grandezas derivadas uma da outra,
Assim como a velocidade do espaço,
E a aceleração da velocidade,
E a priori todas contidas no tempo.
A partícula é a mesma,
Então para quê tantos termos?
Conceitos de homens!
Ontologia não mais do Parmênides e como subárea da metafísica;
Existencialismo.
E novamente facilmente reduzido
Ao desamparo,
Se jaz Heráclito,
Jaz não Parmênides,
Pois tudo seria não-ser,
A não ser que faças ser do não-ser que jaz não seria,
E nessa clara dicotomia,
Linguagem insuficiente para abarcar,abranger,entender,compreender,
O que a priori não sabemos,
Porém vislumbramos,
O que denominamos de infinito,
E a morte.
Se jaz termo-tempo ou se jaz o termo tempo,
Jaz o que aparentemente somente é,
Finito,
Linguagem,
Tempo.
Em suma,não-ser,
Ou ser o não-ser,
Pois é o que somente há.
Se intui,
Há de se garantir não ser somente desejo,
Daí seria fantasias articuladas,
Ou seria hipérbole dizer delírios?
Elas nos são extremamente úteis,
Édipo!
Narciso!
Sísifo!
Pandora!
Toda a linguagem nos engana,
Pois não abarca o que é,
Dado a tremenda distância do real,
O que denominamos instintos.
O simples fato de ser necessário
Faz com que a verdade seja verossímil.
O ciclo não só se expressa em políticas
Que volta sempre ao mesmo,
Não só por causa do determinismo psíquico,
Mas que talvez para além do U e V,
Do EV,SV,
Da base de tais vetores,
Da dependência e independência linear,
Da transformação linear,
Para além de tudo isso e de sua visualização,
Expressasse uma relação abstrata,
Nada a mais que isso.
Distância é o que permanece como uma grandeza diretamente proporcional a busca,
Distância do que realmente é.
O todo é delírio,
Pois somos um,
E fragmentado pela linguagem,
E abarcado pela angústia.
Daí a certeza pelo ser na certeza do não-ser.
Se não um,
Inverdade,
Por isso a verdade é a negação do ser natural.
Fixar-se a algo e ser algo diretamente relacionado a essa "escolha",
Mesmo que imaginário,
É o que constitui o imaginário do indivíduo.
O imaginário do coletivo é intuir ou deduzir a aparente e inegável certeza do que aparenta ser o próximo passo ou o 1+1=2,
Ou seja,
O que sinto o outro sente,
Pois afinal,
Somos os mesmos,
Não é mesmo?
A única certeza amarga e que a linguagem nunca abarca,
É que somos animais que a pouquíssimo tempo fomos transpassados por algo que está em constante conversação conosco e que é nós mesmo,
É o que denominamos de eu,
É o que denominamos de razão,
É aquilo que estipulamos espaços de relações,
Subjetivações,
E aquilo que atribuímos ao transcendente filosófico para explicar aquilo que de mais áspero sentimos,
A angústia.
Mas a única certeza é que não temos nenhuma certeza se debatermos as premissas fundamentais ou os paradigmas.
A única certeza que temos diante das grandes perguntas,
É que para sermos algo;
Precisamos ser um pouco cínico.