PERMITA-SE 
por Juliana S. Valis






Permita-se flutuar pelo silêncio das horas,

Pelos ares esparsos de um sonho qualquer,

Pelos mares profundos de uma fé sem medida

Entre olhares ou sombras que o vento trouxer...




Permita-se algum sentido muito além dos sentidos,

Algum resquício de paz nesse mundo aparente

Que tanto exige sem ser, no fundo, contente,

Em falsos risos de cruciais perigos...




Enfim, permita-se um sopro de alegria leve,

Ainda que tu, no fundo, pela paz implores,

Ainda que a vida seja curta, tão incerta e breve,

É na alma que precisamos ser melhores...




Permita-se algo que transcenda os clichês

De aparências mil que voam, sim, no susto;

E não se perca no labirinto do "ter", em vez

De ir além do vazio desse mundo injusto.



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