O PARTO DE BENTO
Não cabe no espartilho, fabricou novo filho
Sempre ilusões das efêmeras paixões
Acaricia a barriga, entre a reza e a figa
Os olhos vermelhos não ouviram os conselhos
Na noite sem pressa, esperança na promessa
Que um dia vá voltar e formarem um lar.
O estômago embrulha, chama a rádio patrulha
Pede a nossa Senhora, pouca dor na hora
Dar à luz, somente aumentará sua Cruz
Passo lento, sente o vento secar o pranto
Olhar distante, queria melhor sorte
Aperta com orgulho o pequeno embrulho,
Dá-lhe abrigo, entoa um acalanto antigo,
O homem sonolento, chama-lhe à razão
Que nome terá o rebento?
Num repente, a urgente decisão
Que Santo é esse sobre a sua mesa?
São Bento! A resposta com certa surpresa
Silencio um momento...
Meu bebê vai chamar-se Bento
Certidão na mão, despercebida
Segue a vida na multidão...