DESPERTO
Desperta num desejo vil
De alma sublime e solitária
Numa caminhada sem destino
Por um caminho sem chegada
Em uma busca intermitente
Por algo tão desconhecido
Em suas feições, em seu rosto
Em seus lábios, em seu gosto
Na simples maneira de ser
Muito além do que posso entender
Desperta por um beijo - amálgama da dor!
Veneno eficaz das ilusões
Sacia a sede de meu corpo febril
E desperte o fogo das paixões
Em um doce caminho de rosas
E uma delas havia sido escolhida
Entre os perfumes, era a mais formosa
Entre as belezas era a mais inspiradora
Nos corações de simples seres humanos
Seguidores de caminhos estreitos
Desperta em um beijo - ilusão!
Olhava no espelho, cegava o sorriso
Meus pés estavam longe do chão
E eu possuía a paz que preciso
Desperta por um toque - desejo!
E meu corpo exaltava os sentidos
Perdida ao olhar para meu rosto
E não mais me parecer comigo
Além das lembranças que eu possuía
Nada mais do resquício de alegria
Desperta e a dor me inflamava
Feridas e cicatrizes expostas ao meu olhar
E as palavras continuavam a marcar
Muito mais do que a dor do passado
Pareciam ter a força de relembrar
A ilusão de um dia ter amado
Desperta em minha vã inocência
Em acreditar em tanta carência
Que nada poderia suprir além de dor
E hoje desperto da poeira vil do amor...