Ah, eu dancei
Quando saí de você, eu comecei a dançar.
É estranho essa coisa que a dança traz. Dancei abraçando a mim, numa tentativa de me resgatar.
Gritei a música que tocava e me permiti cair. Eu não tinha mais você e nem a mim.
Quando saí de você, a vida me chamou para dançar.
Quanto tempo eu não a via, quanto tempo eu não a sentia.
Ela tocou sua música mais feliz. Mas eu ainda me prendia na tristeza que, em tradução livre, era eu.
Quando saí de você, eu não parei de dançar.
Me abracei e me prendi de volta a mim. Bailei o quanto pude, mesmo depois da música cessar.
As vezes a vida desiste de me chamar para dançar, mas aprendi a lidar com a tristeza, que em tradução livre, não é mais eu.
Produzi músicas na minha cabeça para acompanhar a minha dança incessante, quando a vida se afasta de mim.
Quando saí de você, aprendi a dançar.
Minha paralisia foi embora e eu meus pés começaram a se mover. Pra lá, pra cá...
Descobri que eu não sabia dançar, pois a vida é um improviso e eu desaprendi a improvisar.
A paralisia que você me trouxe, me afastou de mim. E eu parei de dançar para acompanhar sua paralisia.
Mas quando saí de você... Ah, eu dancei... Dancei... Dancei.