Ah, eu dancei

Quando saí de você, eu comecei a dançar.

É estranho essa coisa que a dança traz. Dancei abraçando a mim, numa tentativa de me resgatar.

Gritei a música que tocava e me permiti cair. Eu não tinha mais você e nem a mim.

Quando saí de você, a vida me chamou para dançar.

Quanto tempo eu não a via, quanto tempo eu não a sentia.

Ela tocou sua música mais feliz. Mas eu ainda me prendia na tristeza que, em tradução livre, era eu.

Quando saí de você, eu não parei de dançar.

Me abracei e me prendi de volta a mim. Bailei o quanto pude, mesmo depois da música cessar.

As vezes a vida desiste de me chamar para dançar, mas aprendi a lidar com a tristeza, que em tradução livre, não é mais eu.

Produzi músicas na minha cabeça para acompanhar a minha dança incessante, quando a vida se afasta de mim.

Quando saí de você, aprendi a dançar.

Minha paralisia foi embora e eu meus pés começaram a se mover. Pra lá, pra cá...

Descobri que eu não sabia dançar, pois a vida é um improviso e eu desaprendi a improvisar.

A paralisia que você me trouxe, me afastou de mim. E eu parei de dançar para acompanhar sua paralisia.

Mas quando saí de você... Ah, eu dancei... Dancei... Dancei.

maria paula da silva lima
Enviado por maria paula da silva lima em 22/02/2021
Código do texto: T7190312
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